Resenha Crítica
por Nicholas Merlone
sp. novembro / 2020
Nesta investigação, primeiro, trago uma breve biografia do autor francês, Georges Perec. Quem foi Perec?, pode estar se perguntando o leitor e a leitora. Veremos isso a seguir. Antes, cabe dizer que elegemos para nos debruçarmos sobre sua obra: "Uma Tentativa de Esgotar um Lugar em Paris" (em francês:"Tentative d'épuisement d'un lieu parisien").
La place Saint-Sulpice. - foto: Wikipédia |
Georges Perec (1936 - 1982) foi um jornalista, poeta, romancista, roteirista e ensaísta francês, com atuação literária marcante no Pós Segunda Grande Guerra. Perec nasceu num bairro de famílias de trabalhadores em Paris. Com família judia, seu pai (soldado) faleceu na Guerra e sua mãe foi assassinada no Holocausto. Tornou-se órfão bem cedo. Com a morte de seus pais, passou a morar com os tios, que o criaram como seu próprio filho. Já crescido frequentou a Universidade de Sorbonne, onde estudou Sociologia e História, e colaborou com ensaios e críticas e trabalhos literários para diversas revistas francesas de destaque (ex. Nouvelle Revue Française). Por meio de jogos de palavras, sua obra revela perdas, dores, sofrimentos, ausências e identidades. Igualmente, o autor inova a literatura, ao combinar elementos lógicos e matemáticos, para destacar detalhes peculiares da sociedade de consumo. Posteriormente, trabalhou em um Laboratório de Pesquisas. Neste momento, por lidar com registros e variados dados e informações, isto pode ter influenciado seu estilo literário. Além disso, seu trabalho no laboratório permitiu que pudesse se dedicar à literatura e à escrita criativa. Outra curiosidade, o autor chegou a servir o exército por um ano, depois passando a ficar em companhia de sua esposa.
Georges Perec - Foto: Wikipédia
"Uma Tentativa de Esgotar um Lugar em Paris"
(em francês:"Tentative d'épuisement d'un lieu parisien")
Neste experimento, Perec passa alguns dias sentado próximo a uma praça (Saint-Sulpice) de Paris, registrando observações e percepções da vida cotidiana parisiense (ex. pessoas, pombos, cafés e transportes públicos em detalhes, sem preocupar-se com repetições), sem se preocupar com grandes engenhosidades, mas com atenção a coisas simples, significantes, que valem a pena mencionar. Além disso, vale dizer que suas reflexões transcendem a mera observação. O autor anota a movimentação dos pombos, os transeuntes em seus caminhos, conta os ônibus que passam. Há harmonia e lógica nas relações registradas, mesmo que, em alguns instantes, possam parecer caóticas. Para encerrar, lembro apenas de ter visto em um canal da TV a cabo, tempos atrás, uma história de que Freud sentava-se ao fundo de um café e ficava horas observando as pessoas e seus comportamentos.
Breve Reminiscência do Leitor-escritor crítico de despedida
- Perec e Freud, posso me sentar à mesa de vocês, tomarmos um café, observar as pessoas e a paisagem, dialogar desde a metafísica existencial até a beleza mais linda das garotas que vêm e que passam, deixando seus rastros de perfumes, e nos levando, em última instância, a nos perguntamos os preços de geladeiras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário