Em São Paulo, capital financeira e também cultural, fim de tarde, começo de noite, 22 de novembro / 2018, quinta-feira escura e chuvosa. As brisas sopram os ventos gélidos e o céu chora lágrimas de alegria. Na Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), esquina da alameda Santos com a rua Augusta, no coração da metrópole paulista, um pouco de poesia. Entre um pouco de magia e literatura, Café Pauliceia! O autor Bernardo Carvalho, colunista da Folha de S. Paulo, vencedor do prêmio Jabuti e Portugal Telecom, nos brinda com comentários sobre sua obra literária, ficcional inspirada em fatos reais: “Nove Noites“. Tece, assim, ricas considerações sobre a obra, seu processo criativo, reflexões sobre bloqueios criativos, a possibilidade de conciliação entre os anseios comerciais dos leitores e do mercado editorial com uma postura de coragem do escritor, que não deve se preocupar em agradar ao leitor. O escritor, portanto, não pode ser covarde! Conta também que a fonte de inspiração para a confecção do romance partiu de uma leitura de notícia de jornal. E, além disso, que o enredo do livro mescla fatos reais com experiências vividas pelo autor, tendo assim uma pitada de autobiografia. Indagado se leria novamente um romance terminado, responde que a beleza da literatura está justamente na falha humana. A perfeição literária, assim, não seria um ideal estético. Pelo contrário, a imperfeição do texto seria justamente um diferencial literário. Para ele, a literatura deve abrir portas do mundo. Igualmente, instiga a plateia remetendo sua obra em pauta à complexidade humana. A análise do foro íntimo, psicológico e antropológico do homem, bem como fazendo referências aos povos primitivos como os índios, que, na verdade, se tratavam de organizações sociais complexas com alto nível de organização, baseado na lógica matemática e com forte caráter simbólico. Ressalta, assim, a importância da diversidade, da pluralidade e do multiculturalismo. Fato! A diversidade e pluralidade de ideias em conflito geram sínteses relevantes num ambiente social. Afinal, “a diferença é o que nos une”, já dizia o pensador. Diante dessa agradável conversa com o público, que passou sem que percebêssemos sem noção da passagem do tempo, resta uma certeza, já defendida por Amyr Klink: “O pior naufrágio é não partir!“. E assim coragem para partir numa jornada de um romance literário embrionário, é preciso! Navegar, já dizia o poeta, é preciso! Escrever, digo eu pobre mortal e esboço de escritor, é também preciso! Coragem! Coragem! Avante!
Nenhum comentário:
Postar um comentário