sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Nel Mondo di Bobbio e Beccaria - B.B. Kings!

Por Nicholas Maciel Merlone

Em uma das mesas, dois grandes amigos de longa data se encontram e botam o papo em dia...

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Atualizado às 09:06


Sexta-feira à noite. Faz frio, muito frio. Folhas secas de plátano são sopradas pelo vento e rodopiam em aspirais pelas ruas e calçadas. Mulheres, homens, idosos e crianças transitam num vai e vem frenético, todos bem agasalhados, com chapéus, tocas, boinas, cachecóis, casacos, tênis, sapatos, botas e outras vestimentas. No centro da cidade metrópole megalópole cinematográfica, doce senhora, Sampa city, uma praça aconchegante, cortada por uma ruazinha sinuosa, com um chafariz no centro, com alguns restaurantes de massa. Dentre esses, um piano bar fantástico!

Em uma das mesas, dois grandes amigos de longa data se encontram e botam o papo em dia. Neste momento, toca La Traviata. Bobbio e Beccaria, ao som da canção, lembram de suas aventuras amorosas da adolescência temporona, aos 20 e poucos anos. Lembram que saiam pela cidade noturna em busca de paixões ardentes e súbitas, de rua em rua, de esquina em esquina. Então, a música acaba. E começa outra: La donna è mobile!

E os amigos, assim, clamam pelo garçom camarada de sempre, seu Jorge, que lhes traz, prontamente, uma brusquetta temperada e dois chinottos gelados com canudinhos. Bobbio e Beccaria, então, lembram das donnas, jovens coroas de 30 e poucos, suas vítimas favoritas. Risadas e boas lembranças eternizadas pelas areias do tempo e pelas leituras vivenciadas de Balzac.

Depois de amenidades, discutem outras ideias. Ao longo da conversa, um decide sintetizar os pensamentos do outro.

Beccaria diz: "Estimado amigo! Tu és grande! Ensinou à esquerda que a igualdade deve se preocupar com as liberdades individuais e que a democracia não é meramente procedimental, mas um verdadeiro valor estratégico, substantivo, que deve ser real e não mera retórica! E aos liberais, que o liberalismo político deve considerar a igualdade, não se limitando a um liberalismo econômico, preocupando-se com o social! - um genuíno crítico da política e pensador humanista social-liberal!"

Bobbio, agradecido, retribui: "Ora, nobre amigo! Tu também és grande! Criticou as duras penas sofridas pelas pessoas. Contra a tortura e tratamentos degradantes. Lutou pela humanidade das penas, contra abusos e ilegalidades. Por um direito penal mais justo e pela paz social na sociedade. Afinal, quem rouba uma melancia para alimentar a família não merece a mesma pena de um genocida. Ou ainda, daquele que furta um bacalhau. Já que... talvez precise de ômega 3, mas não vem ao caso! Enfim, és um grande dos grandes!"

Mas chega de rasgação de seda. Neste instante, passa a tocar Viva la Mamma! E o seu Jorge serve-lhes cannolis apetitosos e mais dois chinottos estupidamente gelados! E os dois amigos, de goles em goles, vão pra longe de novo! Voltam aos tempos de faculdade. Lembram dos jogos jurídicos, das festas e das peripécias secretas, que ninguém um dia saberá!

Então, o papo de repente é cinema. Lembram do Ladrão de Bicicletas, Cine Paradiso e outros como Os Boas Vidas e A Comilança. As imagens, assim, passam pela telinha de suas mentes e, entre um gole e outro de chinottos, os dois relembram as cenas clássicas dos dois últimos filmes, às gargalhadas e soluços!

Finalmente, avistam pela janela passar pela calçada una bella donna! E enquanto isso, John Pizzarelli surge na mágica noite e toca The Girl from Ipanema! Admiram a donna mais bela que Nicole Bahls ou talvez Alice Braga! Ou ainda, Sophia Loren, em seus tempos áureos! Mas não importa! Nada disso importa! A noite começa! Os amigos celebram e brindam a vida e a amizade! E, de súbito, chega de mansinho sem avisar a canção Volare! Volare! Volare, oh, oh! Cantare, oh, oh!

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