Por Nicholas Maciel Merlone
Publicado originalmente no Jornal O DIA SP (veja aqui).
Assisti recentemente a dois filmes ganhadores do Oscar deste ano de 2025: Ainda Estou Aqui e Anora. Neste espaço, traço algumas breves observações, impressões e reflexões sobre os dois. Além disso, aproveito para informar que, a partir de agora, nossa coluna terá periodicidade quinzenal.
Ainda Estou Aqui, filme brazuca na veia, dirigido por Walter Salles, com roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega, é uma adaptação da obra de caráter autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva. O enredo conta a história de sua mãe, Eunice Paiva, no decorrer do regime militar no Brasil. A trama ocorre nos idos de 1970. A narrativa constata de que maneira a vida de uma mulher casada com um eminente político (representado por Selton Mello) se transforma depois da captura dele pelo governo militar. Eunice, representada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, se torna uma defensora dos direitos humanos. Luta, assim, pela verdade sobre o desaparecimento do esposo. E ainda se torna uma ativista dos direitos indígenas, tornando-se referência mundial no assunto. O roteiro abrange não só o drama de Eunice, como também o choque do período militar na vida de diversas famílias brasileiras. Ressalta, portanto, a função das mulheres na resistência. O filme também trata de assuntos de perda e coragem. A trama consiste em uma homenagem à luta de Eunice Paiva.
Já o outro filme, escrito e dirigido por Sean Baker, temos a moça Anora (Mikey Madison), uma profissional do sexo das imediações do Brooklyn, nos EUA. Certa noite, Anora crê ter tirado a sorte grande ao conhecer o filho de um oligarca russo, o herdeiro Ivan (Mark Eidelshtein), que se encantou com o fato de a garota falar o seu idioma natal. Os dois se divertem e brincam muito juntos, acabando se casando por impulso em Nevada, no Texas. Logo a novidade se esparrama pela Rússia e logo os pais de Ivan tomam a dianteira, viajando da sua pátria até a América, reprovando por inteiro a união.